MEUS CONTOS

Conto meio erótico

ESSA JUVENTUDE É UMA PIADA!!!!

Ora!  O cara não queria mais nada com ela; mas ela grudava em seu pé, feito carrapato. Quando terminavam, ela fazia de tudo para agradá-lo; se estavam juntos, ela torrava-lhe o saco; discutiam por qualquer besteira, e era sempre a mesma ladainha: você não gosta de mim, você não me ama… Passavam horas discutindo a relação. Ah! Que saco! Outro dia mesmo, ele estava deitado no sofá assistindo a um filme, quando ela entra pela porta da sala, com aquela cara de sempre,  joga-se naquele sofá apertado, onde ele estava e começa a se revirar, tirando-lhe a atenção do filme; fazendo-lhe uns carinhos despropositados em hora totalmente inoportuna; então ele pára de assistir ao filme, e por alguns momentos cede aos seus carinhos; e apesar do sofá apertado e desconfortável, ele agarrou-a pelas orelhas, apertou-a contra o braço do sofá e meteu, e meteu, e meteu… Botou a maior pressão, mas foi rápido. Quando acabou de se aliviar, levantou-se imediatamente, entrou no banheiro e tomou aquele banho demorado e perfumado; e ela… Ela… Continuava no sofá, toda descabelada, sentada com a cabeça baixa por entre os joelhos; e com as mãos sobre nuca. Lá pelas tantas, quando ele saiu do banheiro, sem camisa,   enrolado numa toalha branca na cintura, com gel no cabelo e “talquinho” no pescoço; ela permanecia naquela mesma posição; então ao Invés de pelo menos, ela fazer lhe aquela pergunta ridícula:

– Foi bom pra você amor?

Ela levantou a cabeça, e com a voz do exorcista, perguntou:

– Como vai ficar a nossa situação?

Ele respondeu com uma só pergunta:

– Que situação????(…)

 

O  ITALIANO.

Certa vez, eu estava trabalhando na implantação dos primeiros quiosques, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Parque dos Patins, onde foi o antigo  Tivoly Park, mais precisamente no quiosque do italiano; próximo do árabe; onde hoje é como um grande restaurante e se chama “Mediterrâneo”.

E enquanto montávamos os armários dos banheiros, os balcões e partes da estrutura do quiosque, conversávamos sobre tudo; e a pesar do sotaque bem carregado do Cliente, que às vezes misturava: Espanhol, alemão, italiano e português,  eu me esforçava para conseguir compreender, a fim de enriquecer a minha cultura, uma vez que ainda nunca tinha saído do Brasil; Mas uma determinada hora quando falávamos sobre conhecimento empírico, conhecimento científico, conhecimento filosófico e teológico, O gringo se aborreceu; cresceu a veia do pescoço e gritou comigo.

– Você é um bosta! Tudo que você pensa, tudo que você fala está errado. Se   assim não fosse, era eu quem trabalhava pra você, e não você  para mim! Do que adianta falar bonito, saber de tudo e ser um “duro”? Dizia ele: Eu só tive o ensino fundamental, e olha quanto dinheiro eu tenho!

– Cala a boca e termina esta P… logo!

Na mesma hora, me deu um nó na garganta e chorei em silêncio; até pensei em abandonar o trabalho, mas o meu dinheiro estava  nas mãos dele; e eu precisava muito daquele dinheiro.

Refletindo sobre os meus conceitos e valores, naquele mesmo ano, de 1998, eu tinha comprado um carro zero, que à vista custava treze mil e oitocentos reais, e eu estava pagando quase trinta mil a prazo.

Como dar uma resposta à altura, àquele “gringo safado” se eu estava pendurado nos cartões de crédito, devia o empréstimo, a prestação do carro e ainda sustentava um montão de agregados improdutivos?

– Como??

– Diga-me como!

Ao longo do sofrimento da prestação do carro, amadureci o seguinte conceito: Eu não preciso de cartão de crédito, não preciso de prestação, nem de empréstimo consignado, e muito menos de sustentar parasitas; porque o segredo da prosperidade é gastar menos do que se ganha. Eu preciso é da minha liberdade para trabalhar feliz, contar as minhas histórias e ter o direito de ir e vir sem ninguém para tirar onda com a minha cara.

Obrigado italiano, você salvou a minha vida financeira! Cortei na serra os meus cartões de crédito, e hoje eu só compro à vista e sou próspero.

Wagnon.

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ETIQUETA OU PRECONCEITO?

Um dia, um pedreiro recém-chegado de Minas Gerais, veio à minha marcenaria pedir que o indicasse para os meus clientes; como eu não o conhecia, propus-lhe o seguinte:  O senhor trabalha comigo por uns tempos, de ajudante de marceneiro, e quando formos  montar algum móvel eu o apresento como pedreiro para os meus clientes; Fechado?

– Sim, fechado! Posso começar agora?

Claro que sim (eu disse).

E em meio aos nossos causos lá da terrinha, nós nos tornamos grandes amigos.

Na semana seguinte fomos montar um armário de banheiro, em Copacabana, e conhecendo os costumes do “Mineiro do interior,” passei-lhe as seguintes instruções:

– Olha amigo! Aqui na cidade do Rio de Janeiro, principalmente nos bairros da zona sul, os padrões de comportamento para os prestadores de serviço são bem diferentes dos da sua terra.

– Como diferentes?

Aqui tem a “etiqueta social”

– Traduz este negócio aí!

Cada macaco no seu galho; entende?

– Ah sim, agora entendi; mas continue, por favor!

É tipo assim:

1 – Imposte a voz ao falar com o porteiro.

2 – Diga seu nome, o apartamento aonde você vai, a firma para a qual você trabalha e o que você vai fazer no apartamento.

3 – A nossa entrada é a dos fundos; o nosso elevador é o de serviço; e se tiver algum cachorro esperando  para subir, dê-lhe a preferência.

4 – No elevador, fique em posição de sentido; nos corredores do prédio, não fale alto; não fume e não encoste a mão em nada. Você está sendo filmado!

5 – Chegando ao apartamento, ajeite-se, antes de tocar a campainha e faça uma cara de bom moço.

6 – Se a empregada abrir a porta, não a olhe com cara de tarado.

7- Quando a madame vier falar com você, dê aquele bom dia de japonês, mas só a cumprimente se ela estender a mão.(Sabe lá o que você coçou com essa mão suja)!

8 – Na casa da “madame”, não descanse o pé na parede, não escarre no chão e nem tire meleca do nariz; e se der dor de barriga, faça só o número um, no banheiro da empregada. O número dois, faça na sua casa.

8 – Jamais coloque a bunda no sofá da “madame”! Na cama, nem pense!!!!!!!!!

9 – Não recuse o café da “madame”; mesmo com adoçante!

10 – Ouça com atenção as histórias da “madame”, mas não conte suas histórias pra ela. “Madame” não quer saber das histórias de peão.

11 – Finalmente, preste toda atenção: se a “madame” estiver resfriada, espirrando ou tossindo, não queira puxar-lhe o saco dizendo: Ontem mesmo eu estava com esta tosse! Não faça isto! Lembre-se de que a tosse da “madame” é tosse de rico, e a sua é tosse de pobre.

– Pronto, chegamos! O prédio é este, vamos lá!

O excesso de informações o deixou totalmente confuso e travado. Quando entramos no corredor do prédio ele andava esquisito, parecendo pessoa que fez caca na calça larga.

Quando toquei a campainha fui atendido logo pela “madame”, que nos abriu um sorriso, pulou no meu pescoço e me recebeu com abraços e beijos. Seu marido que estava no sofá lendo jornal, fez questão de se levantar e me dar um abraço apertado daqueles que levanta a pessoa do chão sabe?

O pedreiro só ficou olhando aquela cena.

Pensei comigo: Puta merda! Casal desgraçado! Já quebrou o protocolo! E para piorar a minha situação, a “madame” disse: vou fazer um cafezinho bem gostoso pra gente! A essas alturas dos acontecimentos, eu já tinha perdido o controle da situação e parecia estar com uma etiqueta de preconceituoso colada na testa. Foi quando o cliente, que tinha voltado a ler o jornal no sofá, levantou os olhos, por cima dos óculos, fundo de garrafa e perguntou ao pedreiro: Qual o seu nome?

– Roquelino!

O senhor é de onde?

– De Minas Gerais!

Ah! Eu também nasci em Minas! (Disse o cliente). Nesse momento a madame trouxe o café, e Roquelino se esqueceu das instruções, sentou-se no sofá, ao lado do cliente, e falava e falava e falava… Até espumar o canto da boca: trocava altas idéias, na maior intimidade com o cliente, e tomava o café como se estivesse na marcenaria do wagnon (rsrsrs ê, ê sô!). Eu tentava com os olhos dizer a ele: Levanta do sofá da “madame”, seu miserável! Mas ele nem me olhava. Até que tive uma idéia: Entrei no banheiro e gritei de lá, segura aqui, Roquelino! Quando ele entrou no banheiro, eu, muito invocado, disse: Seu filho de uma ronca e fuça!  Não lhe falei para ficar longe do sofá da madame?

Agora vamos trabalhar! Você já falou de mais hoje!

Ele me respondeu: Uai sô! Eu só tava tendo um dedo de prosa com o meu conterrâneo!

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A HISTÓRIA DO ADAUTO.

Na época em que vim do interior para tentar a vida na capital:RJ, meu vizinho e amigo de infância: “O ADAUTO”,  me acompanhou nessa caminhada;  e diante das dificuldades, não tivemos outra alternativa se não, cada um morar em uma favela. Poucos meses depois, quando Juntos conseguimos trabalho em uma obra, o Adauto me aparece furioso, “P. da vida”,  dizendo:  Estou arrasado!

– Mas o que houve, Adauto?

-Mataram o meu maior  amigo, fizeram uma grande covardia com ele, e isto não se faz nem com um bicho; mas  isto não vai ficar assim, vai ter troco. Ora se vai!  Então eu disse: Pelo que vejo, você se integrou rapidamente à comunidade heim, Adauto!  Perguntei: Este seu “amigo” tinha algum problema com alguém?

–  Que problema que nada, rapaz! Ele nunca teve problema com ninguém. Ele só não podia ficar nervoso!

Mas, ele… Trabalhava?

– Quem trabalha neste país, você não está vendo a taxa de desemprego?

Então ele… Roubava?

– Só roubava de quem tem! (“quem tinha”).

Ele… Matava?

– Só matava “vacilão”!

Então eu disse: Adauto, Cuidado com suas amizades!

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O AMIGO DA ONÇA

Quem de nós nunca teve um “amigo da onça”? – Aquela pessoa que, quando precisa de você, puxa seu saco e faz altas declarações de amizade; fica no seu pé, feito um carrapato, tem ciúmes das suas amizades, abre a sua geladeira, mexe nas suas panelas, quer usar suas roupas e controlar sua vida. E quando você diz um “não”, elas falam mal de você pra todos os seus amigos e lhe aprontam coisas que nem inimigos fazem.

Um dia meu amigo da onça chegou, já entrou querendo chamar minha atenção; eu que estava super concentrado em uma tarefa do meu trabalho, apenas lhe dei bom dia, mas sem tirar os olhos do que estava fazendo; mas ele fez tanto estardalhaço  que quando levante a cabeça, já lhe contei uma história feita naquele momento:

Certa vez um homem, caminhando por um parque da cidade, encontrou um cachorro magro, jogado perto de uma lixeira, em suas últimas horas de vida. Então o coração daquele homem moveu-se de íntima compaixão, a ponto de interromper sua caminhada e pegar aquele animal doente, sujo, asqueroso e trazer para a sua casa, dar-lhe um banho, limpar suas feridas e oferecer-lhe um saboroso prato de comida. Mas ao perceber a inércia do animal, diante do alimento, aquele homem iniciou uma investigação mais detalhada pelo corpo do animal para saber por que este rejeitara a comida. Abrindo a boca do bichinho, notou que todos os seus dentes lhe fora arrancados; então imediatamente, levou-o a um veterinário que o alimentou por uma mamadeira e sugeriu que novos dentes lhe fossem implantados; embora isto custasse todas as economias do seu cuidador. Mas sua compaixão era tão grande que ele decidiu o melhor para o bicho.

Dias depois, quando o cuidador foi buscá-lo na clínica seu  animal de estimação, sua expectativa era tal que nem o deixou dormir na noite anterior; e quando recebeu nos braços, o seu paciente com todos os dentes novinhos, quis fazer-lhe uma surpresa.  Passou no melhor açougue da região, comprou um kg de filet mignon, e ao chegar à sua casa pegou um prato de porcelana, de sua coleção, colocou a carne e deu para o animal, num cantinho da varanda  contemplando aquela cena do cachorro devorando aquele alimento. Mas quando ele foi pegar o prato para colocar mais um pouco de carne, o cachorro avançou em sua mão e arrancou-lhe dois dedos. Nesse momento da história, meu “amigo” que até então ouvia a história calado, deu um soco na mesa e gritou dizendo:

– Esse cachorro “do caralho” tem mais é que morrer!!!!!!!!

Eu me levantei, botei o dedo na fuça dele e disse:

– Você é esse cachorro, seu filho da puta!

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O VELHO DA “ISCUMA”.

Um dia lá na marcenaria, (sem a grade na porta), entrou um senhor aparentando uns  sessenta anos de idade, e “falava pelos cotovelos” , não por ser idoso, entendam! Mas porque era muito divertido. Interrompeu a minha conversa com dois amigos e tomou conta do assunto. O que ele foi fazer lá, não me lembro; só sei que acabei perguntando sua idade, e ele me respondeu:  tenho oitenta e cinco anos. 

– Mas como pode? O senhor não aparenta mais que sessenta; qual o segredo? Ele disse: Eu uso erva.

 – O senhor é maconheiro? Ele riu e respondeu, não!

– Então o senhor é macumbeiro? Ele disse, nada disso garoto! Eu entro na mata, cato ervas de todos os tipos e faço remédio para qualquer doença.

– Tem remédio para dor no joelho?

Tenho um que é tiro e queda; uso todos os dias, veja só como eu me abaixo e me levanto rápido oh! Sou pedreiro coloco 50 metros de piso todos os dias.

– Quero agora, vai lá buscar!

 Ele foi e trouxe uma garrafa de coca-cola de 600 ml com um líquido preto dentro, com umas pedrinhas no fundo; ele sacudia aquilo, colocava na mão, esfregava e passava nas juntas. A coisa tinha um cheiro estranho e colava um pouco.

– O que é Isto?

Ele disse: É segredo!

– Como se usa?

Ele disse: Você sacode bem e passa só iscuma.

– Mas o que é iscuma?

Ele sacudiu bastante a garrafa e disse: tá vendo este colarinho aqui, acima do líquido? 

É a iscuma… Fica pra você… É um presente.

Eu fiquei com aquela “iscuma” e agradeci ao velho; quando ele saiu, meus colegas começaram a rir, e disseram: Nós não vamos usar esta porcaria não! O velho nem sabe pronunciar a palavra espuma! Mas eu disse: Vou usar esta iscuma agora mesmo; e vou me dar bem. Assim o fiz e fiquei bom do joelho; e eles que dispensaram a “iscuma” do velho, continuaram com joelhos e coluna ferrados.

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