HÁ PODER NAS PALAVRAS.
Uma mãe tinha mania de, por qualquer motivo, xingar seu filho de filho da puta. Um dia, de forma misteriosa, ela dormiu dama e acordou puta. Enquanto seu filho crescia e se tornava um homem de bem, ela fazia sexo pelas ruas com todos os homens da cidade por quaisquer míseros trocados; o que era uma vergonha para toda família, inclusive seu filho; ainda assim, ele estudou e se formou em uma faculdade. No dia da sua formatura, ele foi aconselhado a não levar sua mãe para não ocorrer que, se algum de seus clientes estivesse entre os formandos, causasse-lhe constrangimento. Convidou então um amigo para ser seu paraninfo, mas durante a solenidade, o orador oficial, em seu discurso, falava palavras que lhe transportava à sua infância difícil; mas também lembrava que em momento algum, sua mãe jamais deixou que lhe faltasse o necessário para que ele chegasse àquele momento: o mais importante de sua vida. Foi assim que sua consciência doeu por não ter deixado que sua mãe participasse de sua colação de grau, além de ter deixado em branco, seu nome na ficha de filiação. E entre a alegria da ocasião e o remorso de negar sua própria mãe, ele aguardava sua vez de receber seu diploma; e por ser um aluno tão capacitado, o próprio reitor da universidade o chamou para lhe entregar seu canudo. Percebendo então que em sua ficha, ele teria omitido ou esquecido de preencher o nome de seu pai e de sua mãe, perguntou em alta voz e em tom de brincadeira: (- ) Meu caro formando, você a final de contas é filho de quem?
– Filho da puta senhor! Sim, eu sou filho da puta.