A PEGADINHA DA SODA
Quando criança, quase morri no dia em que meu pai, por um descuido, esqueceu numa prateleira baixa, um copo com soda cáustica. Pior foi a panelada de gordura de porco, que minha mãe me virou goela a baixo para cortar o efeito da soda. Muitos anos depois, lançaram um refrigerante chamado “soda”; e eu nem sabia; então na semana que cheguei do interior para a cidade de Nova Iguaçu, RJ, o filho da senhora que me hospedou, sabendo que eu era da roça, aprontou-me a seguinte pegadinha: Ele me disse:
– Estou desgostoso da vida; minha namorada me traiu; quero morrer… Vou beber soda hoje; e você vai comigo!
– Não, pelo amor de Deus! Não faça isso!
– Vamos até ao bar (ele disse):
– Você tem que morrer hoje comigo; não vale a pena viver; Mas eu insisti dizendo:
– Eu não posso morrer agora! Acabei de chegar; preciso conhecer a praia de Ramos!
– Se você não for comigo, aqui não fica! volta pra sua roça!
Na esperança de convencê-lo a mudar de ideia, caminhei com ele até ao bar, e ainda do outro lado da rua, ele viu o garçom e gritou com uma voz rasgada e imperativa:
– Bota uma soda aí e dois copos!
Nesta hora pensei em minha família e em tudo que eu havia deixado para traz. Quando chegamos ao balcão, o rapaz já tinha colocado os dois copos, tirado a tampa da garrafa e servido a metade em cada copo. “Aquilo” espumava que dava medo. Com aquela mesma voz estranha me disse:
– Bebe aí… O garçom, sem entender nada, parou e ficou olhando aquela cena. Ele gritou mais forte ainda:
– Bebe aí Pô!!!!!!!- Minhas mãos começaram a tremer; segurei o copo, mas sem brincadeira! Comecei a chorar e chamar pela minha mãe. O garçom começou a entender a brincadeira, riu e disse:
– Pode beber rapaz! Isso é um novo refrigerante! Desconfiado, experimentei “aquilo”, oh que maravilha!!!!!!!! Fiquei viciado.